Horário de verão afeta o organismo, mas adequações nos hábitos alimentares e de sono podem reduzir o impacto da mudança - "Estado de Minas" 07/10/2007
Daqui a exatamente uma semana, o já tão frágil humor matinal vai sofrer o duro golpe do horário de verão. Moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil vão ter que adiantar os relógios em uma hora, à meia-noite do domingo (a mudança vale até 16 de fevereiro de 2008). Mais do que um simples deslocamento dos ponteiros, o novo horário afeta o ritmo biológico e, dependendo da reação de cada organismo, pode causar problemas físicos e psicológicos, ao menos nas primeiras semanas de adaptação. Com algumas adequações nos hábitos alimentares e de sono, porém, o impacto pode ser minimizado.
O horário de verão nunca foi uma unanimidade. No site de relacionamentos Orkut, por exemplo, existem 310 comunidades sobre o assunto. Se o número de páginas criadas pelos que não gostam da mudança é bem maior, são as que comemoram o tempo a mais de Sol que conquistaram mais membros. Como cada pessoa reage de uma forma, tem quem ame, quem odeie e quem seja completamente indiferente.
O autônomo Guilherme Assunção, de 35 anos, definitivamente não faz parte dessa última categoria. “O melhor dia do horário de verão é quando acaba”, diz. Para ele, as mudanças não trazem benefícios, pelo contrário. “Demoro uns 10 dias para me adaptar.” Ele explica que, normalmente, não consegue dormir mais do que cinco ou seis horas por dia, e chega a acordar antes mesmo de o despertador tocar. “Com o horário de verão, levanto ainda mais cedo, o que influencia o restante do meu dia. Sinto o reflexo disso no meu corpo”, afirma.
O sono também é o ponto fraco da estudante de ciências sociais Larissa Peixoto Vale Gomes, de 21, que faz parte do grupo dos que enrolam na cama até conseguir dormir. Sem maiores dificuldades para acordar, é no meio da tarde que ela sente os efeitos da mudança do relógio. “Quase sempre tenho que tirar uma soneca, mas não posso demorar porque tenho que estudar. O problema é que sinto que minha produtividade cai, fico um pouco letárgica.” Em alguns momentos, ela diz se sentir um pouco “fora de órbita”, processando com menos rapidez as informações de uma aula, por exemplo.
Se dependesse do histórico familiar, Larissa escolheria ignorar a alteração. A avó, Albertina Peixoto, morava em uma fazenda e simplesmente fingia que nada tinha mudado, mantendo o mesmo horário de sempre. “Infelizmente, não dá para fazer isso aqui, com escola e outros compromissos. Mas que dá vontade, dá”, afirma, brincando. Se não há como evitar, o melhor a fazer é tentar amenizar os desajustes, que podem ser percebidos também no apetite e no humor.
CANSAÇO O psiquiatra especialista em transtornos do sono Dirceu Campos Valladares explica que a alteração forçada no ritmo biológico influencia a parte do sistema nervoso que determina os horários nos quais o corpo sente sono, fome, cansaço ou disposição. “Por isso, enquanto o organismo não se adapta ao novo horário, a pessoa pode se sentir mais sonolenta, cansada, desatenta. Também pode sentir que o seu rendimento está menor no trabalho, na escola e nas atividades que realiza do longo do dia.”
De acordo com Dirceu, o prazo para que o organismo da maioria das pessoas se adapte ao horário de verão é de menos de uma semana, mas há quem demore mais ou até mesmo nem se adapte. “As respostas são variadas, porque dependem das condições em que cada um se encontra quando o novo horário começa a vigorar”, alerta. Segundo o médico, leva-se em consideração o humor do indivíduo, a flexibilidade às mudanças de horários em geral, se ele tem o hábito de dormir mais tarde ou mais cedo que a maioria das pessoas ou se tem problemas de sono.
No caso da alimentação, as alterações também dependem da tolerância de cada organismo. A nutricionista Juliane Ponciano Gomes confirma que a falta de apetite nos horários destinados às refeições é comum nos primeiros dias de adaptação. “Como os dias ficam mais longos e, por causa da exposição prolongada ao Sol, mais quentes, o ideal é manter alimentação saudável, evitando frituras, por exemplo.” Juliane alerta para a importância da hidratação, principalmente a ingestão de água, sucos e chás gelados. “No caso das bebidas isotônicas, que repõem energia, as pessoas precisam ter um certo cuidado porque elas têm valor calórico muito alto.”
SAIBA MAIS
Principais alterações
• Mal-estar
• Dificuldade para dormir
• Sonolência diurna e cansaço
• Mudanças de humor e dos hábitos alimentares
• Diminuição do rendimento e da atenção
Dicas para minimizar os efeitos
• Na sexta-feira, acorde 20 minutos mais cedo que o habitual, e, no sábado, passe para 40 minutos. Dessa forma, no domingo, ao acordar uma hora antes que o de costume, a mudança não será tão sentida.
• Evite sonecas não habituais durante o dia, para não diminuir a pressão do sono à noite. Se for cochilar, não ultrapasse 15 minutos.
• Durma com as janelas abertas, pelo menos nos primeiros dias, para acordar com a claridade e facilitar a sincronização do organismo.
• Evite também cigarro, bebidas alcoólicas, café e refrigerante à noite.
• Sentindo-se sonolento ou irritado, em decorrência da mudança do horário, não dirija por muito tempo.
• Preocupar-se em não perder a hora e não conseguir acordar a tempo para compromissos só atrapalhará ainda mais o sono. Por isso, tente relaxar e confie no despertador.
Fonte: Fundação Nacional do Sono (Fundasono) e Juliane Ponciano Gomes
O horário de verão nunca foi uma unanimidade. No site de relacionamentos Orkut, por exemplo, existem 310 comunidades sobre o assunto. Se o número de páginas criadas pelos que não gostam da mudança é bem maior, são as que comemoram o tempo a mais de Sol que conquistaram mais membros. Como cada pessoa reage de uma forma, tem quem ame, quem odeie e quem seja completamente indiferente.
O autônomo Guilherme Assunção, de 35 anos, definitivamente não faz parte dessa última categoria. “O melhor dia do horário de verão é quando acaba”, diz. Para ele, as mudanças não trazem benefícios, pelo contrário. “Demoro uns 10 dias para me adaptar.” Ele explica que, normalmente, não consegue dormir mais do que cinco ou seis horas por dia, e chega a acordar antes mesmo de o despertador tocar. “Com o horário de verão, levanto ainda mais cedo, o que influencia o restante do meu dia. Sinto o reflexo disso no meu corpo”, afirma.
O sono também é o ponto fraco da estudante de ciências sociais Larissa Peixoto Vale Gomes, de 21, que faz parte do grupo dos que enrolam na cama até conseguir dormir. Sem maiores dificuldades para acordar, é no meio da tarde que ela sente os efeitos da mudança do relógio. “Quase sempre tenho que tirar uma soneca, mas não posso demorar porque tenho que estudar. O problema é que sinto que minha produtividade cai, fico um pouco letárgica.” Em alguns momentos, ela diz se sentir um pouco “fora de órbita”, processando com menos rapidez as informações de uma aula, por exemplo.
Se dependesse do histórico familiar, Larissa escolheria ignorar a alteração. A avó, Albertina Peixoto, morava em uma fazenda e simplesmente fingia que nada tinha mudado, mantendo o mesmo horário de sempre. “Infelizmente, não dá para fazer isso aqui, com escola e outros compromissos. Mas que dá vontade, dá”, afirma, brincando. Se não há como evitar, o melhor a fazer é tentar amenizar os desajustes, que podem ser percebidos também no apetite e no humor.
CANSAÇO O psiquiatra especialista em transtornos do sono Dirceu Campos Valladares explica que a alteração forçada no ritmo biológico influencia a parte do sistema nervoso que determina os horários nos quais o corpo sente sono, fome, cansaço ou disposição. “Por isso, enquanto o organismo não se adapta ao novo horário, a pessoa pode se sentir mais sonolenta, cansada, desatenta. Também pode sentir que o seu rendimento está menor no trabalho, na escola e nas atividades que realiza do longo do dia.”
De acordo com Dirceu, o prazo para que o organismo da maioria das pessoas se adapte ao horário de verão é de menos de uma semana, mas há quem demore mais ou até mesmo nem se adapte. “As respostas são variadas, porque dependem das condições em que cada um se encontra quando o novo horário começa a vigorar”, alerta. Segundo o médico, leva-se em consideração o humor do indivíduo, a flexibilidade às mudanças de horários em geral, se ele tem o hábito de dormir mais tarde ou mais cedo que a maioria das pessoas ou se tem problemas de sono.
No caso da alimentação, as alterações também dependem da tolerância de cada organismo. A nutricionista Juliane Ponciano Gomes confirma que a falta de apetite nos horários destinados às refeições é comum nos primeiros dias de adaptação. “Como os dias ficam mais longos e, por causa da exposição prolongada ao Sol, mais quentes, o ideal é manter alimentação saudável, evitando frituras, por exemplo.” Juliane alerta para a importância da hidratação, principalmente a ingestão de água, sucos e chás gelados. “No caso das bebidas isotônicas, que repõem energia, as pessoas precisam ter um certo cuidado porque elas têm valor calórico muito alto.”
SAIBA MAIS
Principais alterações
• Mal-estar
• Dificuldade para dormir
• Sonolência diurna e cansaço
• Mudanças de humor e dos hábitos alimentares
• Diminuição do rendimento e da atenção
Dicas para minimizar os efeitos
• Na sexta-feira, acorde 20 minutos mais cedo que o habitual, e, no sábado, passe para 40 minutos. Dessa forma, no domingo, ao acordar uma hora antes que o de costume, a mudança não será tão sentida.
• Evite sonecas não habituais durante o dia, para não diminuir a pressão do sono à noite. Se for cochilar, não ultrapasse 15 minutos.
• Durma com as janelas abertas, pelo menos nos primeiros dias, para acordar com a claridade e facilitar a sincronização do organismo.
• Evite também cigarro, bebidas alcoólicas, café e refrigerante à noite.
• Sentindo-se sonolento ou irritado, em decorrência da mudança do horário, não dirija por muito tempo.
• Preocupar-se em não perder a hora e não conseguir acordar a tempo para compromissos só atrapalhará ainda mais o sono. Por isso, tente relaxar e confie no despertador.
Fonte: Fundação Nacional do Sono (Fundasono) e Juliane Ponciano Gomes
Reportagem de Carolina Lenoir - publicada no jornal Estado de Minas - Caderno "Bem Viver" - 07/10/2007 -